07h21

Fonte: Jornal Tribuna de Bastos

O meio-campista bastense Riuler de Oliveira Faustino, que jogava no futebol japonês desde 2018, faleceu, aos 23 anos, na noite de segunda-feira (22) - horário do Japão, vítima de infarto fulminante. O jogador defendia o Shonan Bellmare, time da 1ª divisão, e residia em Hiratsuka, cidade em que o clube está sediado e fica na província de Kanagawa, a 50 quilômetros de Tóquio.

O Shonan Bellmare jogou na rodada de sábado dia (20), e a comissão técnica deu folga aos jogadores no domingo e na segunda feira. No retorno às atividades, na terça feira dia (23) de manhã, os companheiros de equipe estranharam a ausência do bastense, que era sempre um dos primeiros a chegar aos treinos. Tentaram, em vão, contato através de ligações e mensagens.

Representantes do clube seguiram até o apartamento do jogador. Depois de uma insistente série de batidas na porta, acionaram a polícia. A porta foi arrombada e Riuler, encontrado morto, por volta das 11h30, deitado em sua cama. Coube ao empresário do jogador e a um intérprete dar a trágica notícia aos pais, os servidores municipais Carlos Roberto Faustino e Solange Mendes de Oliveira Faustino, à 13h30 no horário do Japão e à (1h30 da madrugada de terça feira, horário de Brasília).

O último contato que os pais tiveram com o filho foi no domingo à noite (segunda de manhã, no Japão), pelo celular. “Ele estava bem, contente, em casa, jogando videogame”, lembrou, em entrevista à Tribuna, Carlos Roberto, mais conhecido por Carlão.

A autópsia indicou parada cardíaca aguda como causa da morte. "Pelo que o intérprete disse, o laudo necroscopico indica que a morte do meu filho ocorreu entre 20h e 23h (horário do Japão) de segunda feira. Ele dormia cedo", contou. O corpo do jogador foi embalsamado.

O Shonan Bellmare vai fazer duas homenagens ao ídolo do time, antes do translado do corpo do Japão para o Brasil, provavelmente na segunda feira dia 29. O pai do atleta disse que a chegada do corpo está prevista para terça ou quarta feira dia 1° de dezembro e que o velório será realizado no Centro de Velório Municipal.

TRAJETÓRIA

Determinado, humilde e muito querido, Riuler foi aluno da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental (Emeif V, no Jardim Esplanada, e estudou ainda nas escolas estaduais Harue Matsumoto Asakawa e Parque das Nações. " Sempre foi um bom aluno e muito disciplinado", recapitulou o pai.

O talento do bastense para o futebol floresceu e já chamava atenção quando ele ainda era criança. Meio-campista, mais precisamente segundo volante, ingressou no esporte na escolinha municipal, então comandada pelo técnico João Luiz.

O treinador encaminhou o garoto para teste no São Paulo quando ele tinha 11 anos. Defendeu as equipes de base do Tricolor paulista até os 14 anos. Nessa época, o técnico bastense Roberto Gomes França Júnior o levou para teste no centro de treinamento sediado em Curitiba e parceiro de grandes clubes. Dois meses depois, o adolescente era contratado pelo Coritiba ou Coxa, como também é conhecido o clube paranaense da elite do futebol brasileiro. Na ocasião, era também o segundo volante da seleção brasileira sub 15, comandada por Caio Zanardi.

A transferência do Coxa para o arquirrival Athetico Paranaense foi conturbada e marcada por longevo embate judicial que o deixou por um ano fora dos gramados. Depois do episódio, ele foi novamente convocado para a seleção sub 17, campeão do Sul-Americano de 2015.

Em 2018, passou a defender o Internacional e do clube gaúcho imigrou para o futebol japonês. Atuou pelo Miysaki e Osaka até se firmar no Shonan Bellmare.

FATALIDADE

Se a morte repentina consterna ainda mais por pegar todos de surpresa, é mais inesperada no caso de um jovem, sobretudo atleta profissional dedicado, que tem a saúde periodicamente monitorada, faz bateria de exames minuciosos a cada transferência de clube, sem falar que a medicina esportiva evoluiu muito nas últimas décadas.

Como era habitual, Riuler passaria as férias de fim de ano com a família em Bastos. Estava com passagem agendada para o Brasil para 10 de dezembro. “Tudo na vida do meu filho foi precoce. A saída de casa para jogar futebol, as convocações para a seleção brasileira, as viagens que fez pelo mundo para competir, a paternidade e a mudança para o Japão ainda muito jovem, aos 20 anos. Sua morte, infelizmente, seguiu esse roteiro de precocidade. Agora fica o seu legado, que é muito relevante", realçou seu pai.

Riuler deixa os pais, Carlão e Solange, o irmão Ricardo e o filho de Luca Pietro, que é de Curitiba e virá para o velório acompanhado por seus avós maternos.