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Região

Aumento nos casos de dengue preocupa cidades do centro-oeste paulista

05 de Fevereiro de 2024

07h02

Por g1 Bauru e Marília

 

O centro-oeste paulista apresentou um aumento exponencial de casos de dengue em janeiro de 2024, quando comparado à mesma época de 2023, segundo boletins divulgados pelas prefeituras.

 

Considerada pelo Ministério da Saúde (MinSaúde) como a arbovirose urbana mais prevalente nas Américas, principalmente no Brasil, a dengue é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti.

 

O período do ano com maior transmissão é justamente nos meses mais chuvosos de cada região, geralmente de novembro a maio, e, portanto, o alerta é para o combate ao mosquito. Água parada é o principal foco, e os ovos do mosquito podem sobreviver por um ano no ambiente.

 

Botucatu


Em Botucatu (SP), os casos de dengue cresceram consideravelmente. Segundo a prefeitura, a cidade registrou 705 casos da doença em janeiro de 2024

 

No mesmo mês em 2023, a cidade registrou apenas seis casos no total, representando um aumento de 11.650% de um ano para o outro.

 

Para tentar conter o aumento do número de casos, cerca de 120 servidores de diversas secretarias da Prefeitura de Botucatu realizam, em apoio da Vigilância Ambiental em Saúde, uma ação de bloqueio de criadouros do mosquito Aedes aegypti na região Leste da cidade, nos bairros Jardim Vista Linda, Jardim Ciranda, Jardim Alvorada e Conjunto Habitacional Antônio Hermínio Delevedove (Cohab 4).

 

Bauru


Em Bauru (SP), maior cidade do centro-oeste paulista, foi registrada uma queda nos casos em relação a janeiro de 2023. Porém, os índices ainda preocupam as autoridades.

 

Segundo o último boletim epidemiológico divulgado em janeiro de 2024, 97 casos autóctones foram registrados, além de outros 413 casos suspeitos. Três mortes seguem em investigação.

 

Durante o mês de janeiro de 2023, Bauru registrou, ao todo, 194 casos autóctones de dengue, uma queda de 50% na incidência da doença.

 

Mesmo com os números menores em comparação com o ano passado, por conta da maior epidemia de dengue da história de Bauru vívida em 2019, quando 26 mil casos foram confirmados e 39 mortes pela doença, medidas já começaram a ser tomadas pelas autoridades para evitar que o caso se repita.

 

Dentre elas, está a instalação de 528 armadilhas para monitoramento do mosquito Aedes aegypti em todas as regiões da cidade.

 

As armadilhas "Mosquitrap" atraem as fêmeas grávidas do inseto através de um chamativo sintético de oviposição (para a fêmea expelir os ovos) presente no interior da armadilha. Ao entrar, a fêmea fica presa no adesivo fixado em seu interior, o que facilita a posterior coleta para monitoramento.

 

De acordo com a prefeitura, o trabalho é realizado pelos agentes de combate às endemias, que já monitoram, semanalmente e em tempo real, as 200 armadilhas instaladas desde o início do ano passado.

 

Marília


Em Marília (SP), foram registrados 347 casos de dengue no primeiro mês de 2024. No mesmo período de 2023 foram 32 casos .

 

Com o aumento de 984% na comparação entre os dois anos, a prefeitura elaborou um novo Plano de Contingência Municipal para Arboviroses (dengue, zika e chikungunya) em 2024.

 

De acordo com a administração municipal, todos os enfermeiros da rede passaram por uma reunião preparatória e de capacitação. Para fevereiro haverá outra capacitação sobre manejo clínico da dengue para profissionais de Saúde da rede de Atenção Básica, com convite estendido também aos profissionais dos serviços de urgência municipal (UPA e PA).

 

Ourinhos


Em Ourinhos (SP), foram registrados 40 casos da doença, no primeiro mês de 2024. Em 2023, a incidência foi de apenas 11 casos, um aumento de 263%.


Segundo a prefeitura, com o aumento dos casos, a Secretaria Municipal de Saúde por meio do setor de Vigilância Epidemiológica, tem intensificado o trabalho de fiscalização e ações de combate à dengue.

 

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Vacina


Ainda em Janeiro deste ano, o Brasil recebeu o primeiro lote de vacinas contra a dengue para aplicação pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A remessa contém 750 mil doses doadas pelo laboratório japonês Takeda.

 

Segundo o governo, as primeiras doses serão destinadas para adolescentes de 10 a 14 anos que moram em cidades com mais de 100 mil habitantes. A definição do público que receberá as doses leva em conta taxas de transmissão.

 

O número de casos de dengue nas duas primeiras semanas de 2024 foi mais do que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério da Saúde. Foram 55,8 mil casos prováveis. Seis pessoas morreram por complicações da doença.

 

Inicialmente, o governo afirmou que seria priorizada a vacinação de crianças e jovens entre 6 e 14 anos, mas em comunicado divulgado neste domingo o Ministério da Saúde informou que o público-alvo da primeira remessa será de indivíduos entre 10 e 14 anos.

 

"A faixa etária de 10 a 14 anos se encontra dentro do que recomendou a OMS e é também aquela em que ocorre o maior número de hospitalizações", declarou a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

 

O governo brasileiro adquiriu 5,2 milhões de doses da vacina, limite estabelecido pela farmacêutica Takeda neste ano de acordo com sua possibilidade de entrega. O primeiro lote das vacinas compradas será de 570 mil doses e chegará ao país em fevereiro.

 

A estimativa do governo é de que cerca de 3,2 milhões de pessoas serão vacinadas em 2024.

 

O que é a Qdenga e como ela age?


A Qdenga (TAK-003) é um imunizante contra a dengue desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma. O registro do imunizante foi aprovado pela Anvisa em março de 2023.

 

A vacina contém vírus vivos atenuados da dengue. Por isso, ela induz respostas imunológicas contra os quatro sorotipos do vírus da dengue.

 

Quem pode se vacinar com a Qdenga?


De acordo com a Anvisa, a Qdenga é indicada para pessoas de 4 a 60 anos. Não foram feitos estudos para avaliar a eficácia da vacina em pessoas com mais de 60 anos.

 

Além disso, podem se vacinar com a Qdenga tanto quem já teve dengue, quanto quem nunca foi infectado. Essa é a primeira vacina liberada no país para pessoas que nunca entraram em contato com o vírus da dengue.

 

Mas não podem ser imunizados com a vacina quem tem alergia a algum dos componentes, quem tem o sistema imunológico comprometido ou alguma condição imunossupressora, ou gestantes e lactantes.

 

A Qdenga vai ser aplicada de graça?


Desde a aprovação pela Anvisa em março de 2023, clínicas particulares passaram a disponibilizar a vacina Qdenga para seus consumidores.

 

Agora, o imunizante do laboratório Takeda Pharma passa a integrar também o PNI, que reúne as vacinas aplicadas gratuitamente pelo SUS.

 

A Qdenga tem efeitos colaterais?


Os estudos clínicos mostraram que pode haver reações, geralmente, dentro de dois dias após a injeção. As reações registradas foram de gravidade leve a moderada e duraram de 1 a 3 dias.

 

Atenção: essas reações NÃO tornam o imunizante contraindicado se aplicado no público correto.

 

Foram relatadas com maior frequência:

 

dor no local da injeção (50%);

dor de cabeça (35%);

dor muscular (31%);

vermelhidão no local de injeção (27%);

mal-estar (24%);

fraqueza (20%); e

febre (11%).


As reações são menos frequentes após a segunda dose da Qdenga.