06h56

Por: Siga Mais

O vazamento de material líquido decorrente da decomposição de corpos humanos volta a ocorrer no Cemitério Municipal de Adamantina, no novo módulo vertical de sepultamento em gavetas. O Siga Mais esteve no local na tarde de sábado (13) após denúncia de morador, e confirmou o relato. O mesmo problema já foi mostrado pelo portal em 2021, após denúncia de vereador.

A reincidência do vazamento de necrochorume – nome dado ao líquido tóxico e viscoso, com cheiro forte, que se forma a partir da decomposição de cadáveres – ocorre no novo bloco destinado ao modelo de sepultamento em gaveta, chamadas de “lóculos”.

Composto por água, sais minerais e substâncias orgânicas como a cadaverina e putrescina, o necrochorume constitui um risco ambiental e para a saúde pública. Pode contaminar a área afetada e transmitir doenças.

Na verificação realizada sábado no local pelo Siga Mais, foi confirmado vazamento do líquido nos módulos de sepultamento, com substância na cor castanho-avermelhada. Na aproximação também foi verificado odor fétido e forte.

O que diz a Prefeitura

Procurada pelo Siga Mais na manhã desta segunda-feira (15) a Prefeitura de Adamantina se pronunciou sobre o caso, reconheceu o problema e prometeu providências.

Após realizar vistoria no local pela manhã de hoje foi constatada falha no sistema de vedação das estruturas. “A Prefeitura de Adamantina, por meio das secretarias de Obras e Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente (SAAMA), informa que, na manhã desta segunda-feira (15), foi realizada vistoria no local, com acompanhamento do engenheiro ambiental, para apurar a situação relatada. Na avaliação preliminar, foi constatada falha na vedação das gavetas”.

Ainda de acordo com a Prefeitura de Adamantina, a empresa responsável pela implantação da estrutura foi acionada e terá 48 horas para sanar as falhas. “A empresa responsável pela construção do cemitério vertical já foi acionada e deverá comparecer ao local no prazo máximo de 48 horas para executar os reparos necessários e sanar o problema”, completa o poder público.

Sepultamento em estrutura vertical começou em 2019

Esse modelo de estrutura vertical passou ser usado a partir de outubro de 2019 pelo poder público municipal em razão do esgotamento da capacidade de sepultamento do cemitério. Até hoje tem sido a alternativa no cemitério local, para familiares que não disponham de outros espaços para sepultamentos de falecidos.

Familiares que não disponham de jazigos no cemitério local e que optem pelo modelo de sepultamento mais tradicional, têm realizado esses procedimentos em cemitérios de cidades vizinhas, como Lucélia e Flórida Paulista. Sem essas opções, e com desaprovação popular, a única alternativa é o sepultamento em gavetas na estrutura verticalizada.

Conforme divulgado em 2018 pela Prefeitura de Adamantina durante a implantação da estrutura, os módulos de sepultamento contariam com tubulação para troca gasosa e descontaminação, interligando todos os lóculos. Esse sistema seria regulado por registros (válvulas) e operado com motor, responsável por filtrar os gases – que após serem filtrados são lançados na atmosfera – e acelerar a decomposição dos corpos.

Ampliação do Cemitério tem licença da Cetesb e prevê poderá receber 4,1 mil sepultamentos

A longo prazo a expectativa dos moradores é pela ampliação do Cemitério Municipal para a nova área, em frente à atual, já reservada par essa finalidade.

Junto à Cetesb – órgão estadual responsável pela emissão das licenças ambientais – o Siga Mais contatou haver licença de instalação (Nº 67000339) da nova estrutura ampliada do Cemitério Municipal emitida em 26 de maio de 2023.





De acordo com os dados contidos na licença, a área prevista para a implantação (ampliação) do Cemitério tem 11,6 mil metros quadrados, estando previstos 1.376 jazigos de três compartimentos cada, totalizando 4.128 unidades de sepultamento.

O início das obras nesse local, portanto, depende de decisão da administração municipal e recursos públicos para as instalações estruturais.

A reportagem verificou a abertura de uma nova seção de sepulturas tradicionais no Cemitério de Adamantina, o que tende a absorver um volume limitado de novos sepultamentos. Essa faixa que recebe obras de alvenaria está localizada após o cruzeiro religioso existente no local.