12h19

Redação Bastos Já

A jovem bastense Ariany Esteves, 25 anos, que cursou o ensino Fundamental e Médio em escolas públicas de Bastos e Tupã e formou em Direito na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), pelo ProUni, conseguiu recentemente uma bolsa de mestrado para o curso de Governança e Direitos Humanos na Universidade Autónoma de Madrid (UAM), na Espanha. Para concretizar o sonho, agora a jovem realiza uma vaquinha virtual para custear o primeiro mês de estudos na país europeu, tempo necessário para que seja preparada a documentação estrangeira para que a bastense receba a bolsa auxílio que vai bancar os demais meses de estudos na instituição de ensino madrilenha.

Em entrevista ao Portal Bastos Já, a bastense explica que a campanha de arrecadação é realizada através do site Vaquinha no link https://www.vakinha.com.br/vaquinha/vaquinha-para-o-mestrado-na-espanha-de-ariany e de transferência bancária por meio do PIX 446.450.388-85. “A experiência de estudar em outro país e viver fora por um ano sempre foi um sonho para mim! Possuo muita força de vontade, fé, otimismo e determinação! Sei que vai dar certo e que darei o meu melhor! Por isso, gostaria de pedir o apoio financeiro de pessoas que acreditam que sonhos são possíveis, que devemos sim acreditar na educação e nos estudantes do nosso país! Conto com cada um de vocês! Muito obrigada!”

De família simples, Ariany, filha do casal Ademir e Silvana Esteves, moradores de Bastos há mais de 30 anos e funcionários da BRATAC, não tem condições financeiras para arcar com os cerca de R$ 10.000,00 necessários para o primeiro mês de estudos. “Preciso custear meu primeiro mês na Espanha, já que levam umas semanas até minha documentação de estrangeira ficar pronta e o Programa de Bolsas Fundação Carolina me conceder a bolsa auxílio para meu sustento nos demais meses de mestrado naquela instituição de ensino. A universidade vai conceder a bolsa auxílio e as passagens aéreas para Madrid, mais preciso custear os gastos com alojamento, alimentação, transporte e materiais, além de ter de prestar caução para a vaga de um quarto, até que se realize o processo de validação de toda a documentação, inclusive meu visto da estudante”.

A bastense disse que “o Programa da Fundação Carolina, que é uma instituição apoiada por empresas da Espanha que patrocinam estudantes da América Latina, reuniu na edição 2021 mais de 60 mil estudantes da América do Sul que tentaram conquistar uma das 500 bolsas de mestrado ou doutorado oferecidas em universidades espanholas. Especificamente para meu curso eram apenas duas bolsas de estudos oferecidas para toda América Latina. Eu consegui uma e a outra vaga foi ocupada por uma jovem de Guatemala. Fui informada, e consta na área do aluno, que sou a primeira brasileira a conseguir a bolsa para este curso desde a sua criação, em 2010. Nos demais anos somente estudantes latinos não brasileiros conseguiram a bolsa”, conclui.

Ariany Esteves revela que sempre sonhou em viver um período fora do Brasil e “quando uma amiga muito querida me apresentou o programa de bolsas, época em que eu estava no 1º ano da universidade, tive a certeza que era minha única chance de realizar meu sonho, pois a bolsa incluía muitos benefícios e era reconhecida internacionalmente. Tive que demonstrar meu alto desempenho acadêmico dos 5 anos em que fiquei na PUC-SP, apresentar a relação e comprovar todos os cursos que participei, artigos e livros que escrevi, atuação em ONGs, contribuições que fiz para a minha universidade e até uma palestra virtual que fiz ano passado em uma universidade no Uruguai para conquistar essa vaga de Mestrado em Governança e Direitos Humanos. Também fiz uma prova de proficiência comprovando o espanhol, idioma que aprendi sozinha, e passei por uma entrevista com um dos coordenadores do curso da Espanha para avaliar se eu meu perfil condizia com o esperado”.

A jovem acrescenta que o resultado para garantir a bolsa de mestrado “dependeu de um trabalho de mais de 5 anos. Foram como diversas batalhas que favoreceu o resultado da guerra. Agora preciso da ajuda da comunidade para viajar em janeiro de 2022, regressar em janeiro de 2023 e contribuir positivamente com o crescimento do nosso país, principalmente no campo da educação. Pretendo atuar em Secretarias de Estado, Ministérios do Governo Federal e ser professora universitária aqui na região, além de futuramente tentar abrir uma ONG em Bastos para fomentar a capacitação educacional e estimular os sonhos das crianças. Essa bolsa representa para mim a possibilidade de atuação direta e efetiva no setor governamental e na temática de direitos humanos. Vai muito além de uma especialização na área, pois como disse anteriormente, o objetivo é regressar ao Brasil e atuar de forma mais responsável na minha região e no meu país”.

Mais um desafio

Ariany Esteves encara este mestrado como mais um desafio, entre os muitos já enfrentados em sua vida, mesmo ainda tão jovem. “Estudei a vida toda em escola pública, inclusive o curso de Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, através de uma bolsa de estudos pelo ProUni. Nasci em Bastos, estudei da 1ª a 4ª série na Escola Irineu Buller Almeida e da 5ª até a 8ª no Águia de Haia. O ensino médio eu cursei na ETEC de Tupã. Residi em Bastos até o início de 2016, quando mudei para São Paulo em razão da bolsa que ganhei para cursar Direito na PUC SP. Para conquistar esta bolsa 100% integral, pelo ProUni, tive que manter um desempenho acadêmico de três anos, que foram os anos do ensino médio, e obter uma boa nota no Enem, principalmente na redação. Consegui tirar 960 pontos na redação, cuja nota máxima é 1000”.

A jovem bastense recapitula que sempre teve o apoio da família. “Meus pais e irmãos me deram apoio total, já que era a única de casa que ainda não trabalhava, e tenho muita gratidão a eles, porque sei que depositaram a confiança em mim. Me formei pela PUC- SP em 2020, em um curso onde hoje a mensalidade é R$ 3.400,00 e que nunca precisei pagar nada, e retornei para Bastos tem um mês”, finalizou Ariany Esteves.